Pessoal!!!
Caso você não conheça Sérgio Rodrigues uma breve apresentação: ele é o criador da poltrona Mole DE 1957, o primeiro móvel brasileiro a ganhar um prêmio internacional de Design. Talvez você não saiba mas já viu a belezinha aí abaixo.
Eu confirmo: é uma delícia! Dou a dica de entre no site dele aqui e fique maravilhado. O arquiteto é uma pessoa incrível, simples como ele só e com muito conhecimento. Uma prosa breve com ele vale como uma grande aula. Tive a oportunidade de fazer algumas vezes isso, uma honra! E agora a Butzke vai produzir peças com desenho dele, honra elevada a décima potência.
Alguns trabalhos:
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Casa do Cineasta 2006, Sérgio Rodrigues |
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Diz 2001, Sérgio Rodrigues |
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Projeto de Interior para a morada do Artista Plástico Catarinense Juarez Machado |
E o Cristiano Santos, da coluna CONTRACAPA do JSC, antenado que só ele, fez uma entrevista muito interessante que saiu no Santa esse finde. Confere aqui OU abaixo!
ASPECTOS BRASILEIROS

O papo, minutos antes da chegada de Sergio Rodrigues à sede da Butzke, em Timbó, girava em torno do arquiteto considerado o pai do design brasileiro. Quem já o tinha conhecido previamente destacava a simplicidade do carioca.
Com mais de oito décadas de vida e cinquenta anos de carreira, ele veio ao Vale do Itajaí para conhecer de perto, observar e sentir o cheiro da madeira na empresa que a partir de agora vai produzir e comercializar suas criações para varanda e jardim – outros designers como Carlos Motta, Alain Blatche, Marina Otte e Flávia Pagotti também fazem parte do seleto rol de parceiros da marcenaria.
Antes da entrevista, Sergio, conhecido mundo afora pela Poltrona Mole, sua criação mais famosa e premiada, circulou pela fábrica acompanhado dos proprietários. Com a inseparável boina e uma muleta que o ajuda na caminhada, posou para as fotos e voltou ao showroom, onde sentado, com um copo de suco de laranja nas mãos, trocou algumas palavras com a coluna.
Simpático, riu de algumas perguntas. Não acha graça quando o creditam como o pai do design nacional. Citou alguns nomes, colegas de profissão (como Oscar Niemeyer e Lucio Costa) que, junto com ele, deram forma e imagem às criações produzidas no país.
– Com a chegada do que eu chamo de a comissão italiana – depois da comissão francesa com Dom João VI –, que veio justamente depois da Segunda Guerra, vieram Pietro Maria Bardi e Lina (sua esposa), além de outros designers, que introduziram um sistema e uma técnica de design europeu.
Ainda sobre Lina Bo Bardi, relembrou a relação com a arquiteta modernista, autora de grandes obras como o Museu de Arte de São Paulo.
– Lina, que era uma grande designer e arquiteta, vestiu a nossa camisa. Além da arquitetura, a parte de design é de primeiríssima. Tenho grande admiração por ela, na época tínhamos contato, mas não tão profundo. Eu percebi nela a alma de arquiteta e designer.
E entre os nossos novos criadores, o senhor consegue enxergar esta alma de arquiteto e designer?
Sem dúvida nenhuma. Eu diria, sem susto, que existe uma meia dúzia de jovens designers que têm realmente esta alma de criador.
Influenciado pelos desenhos do pai Roberto, as primeiras incursões de Sergio Rodrigues no design foram em uma espécie de marcenaria que um tio-avô havia montado na casa que construiu no Rio de Janeiro. Lá, teve total liberdade para desenvolver a criatividade, pra soltar as asas da imaginação, sem amarras, com a liberdade infantil.
Atualmente, mantém seu escritório em parceria com a filha Verônica, também arquiteta.
– Eu tenho quatro filhos e todos têm uma criatividade inegável. Tem a Verônica, que é arquiteta de verdade e será a minha substituta. Os outros filhos, que não são arquitetos nem designers, têm muito deste espírito. Eu fazia grandes experiências cenográficas em casa. Fiz um palco para que elas representassem lá e fizessem teatro, levavam os amigos, com cenografia e figurino. Todo tipo de criação sempre foi estimulado.
Com centenas de projetos, tanto em casas como mobiliário, Rodrigues já criou para o ilustre pintor joinvilense Juarez Machado.
– Ele começou a trabalhar comigo no Rio de Janeiro. Chegou em 1965 vindo aqui do Sul e estava casado com a filha de um grande amigo meu. Tivemos uma amizade muito grande. Ele é um criação, um gênio e, na realidade, eu percebi isso e me encantou. Para ele, estudei uma casa para ser feita, mas não foi possível. Tivemos outras ligações, fizemos ambientações. Atualmente, ele está morando em Paris em um edificiozinho que é uma maravilha. O Juarez também comprou um apartamento na Avenida Atlântica (RJ), no Posto 3, num edifício antigo, considerado por ele como seu ateliê oficial. Ele entregou totalmente a mim e a minha família para fazermos o interior. E deu carta branca.
Cronometrado, nosso bate-papo não podia terminar sem o mais intrigante questionamento relacionado à sua biografia.
O senhor é sobrinho do Nelson Rodrigues, né? Como foi essa relação?
– Vocês (jornalistas) sempre falam que sou sobrinho do Nelson Rodrigues. Eles eram em 13 irmãos, sendo que meu pai (Roberto Rodrigues) era segundo e o Nelson era, se não me engano, o quinto ou sexto. Os dois eram muito amigos e o meu pai era criador, ilustrador. Acredito que agora no centenário do Nelson vão chegar à conclusão que a obra dele foi baseada nos temas dos desenhos do meu pai. Os desenhos dele coincidem perfeitamente. Quando falam do Nelson Rodrigues eu digo que meu pai é tão importante ou mais.
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Durante passeio pela Butzke ao lado do empresário Guido Otte |
Para ficar na história…